sexta-feira, 6 de junho de 2008

Cancro colo-rectal: Combinação de quimioterapia com nova substância obtém resultados positivos - estudo

© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

2008-05-30 00:00:01
Lisboa, 30 Mai (Lusa) - Um estudo clínico que está a ser feito em Portugal sobre o cancro do cólon mostra que uma nova combinação da quimioterapia tradicional com a substância activa cetuximab produz resultados positivos em 58 por cento dos doentes.

"Não se trata da cura da doença mas de um passo muito importante para melhorar a eficácia do seu tratamento", disse o investigador principal do estudo e director do serviço de oncologia do hospital de Évora, Sérgio Barroso.

O "maior ensaio clínico feito em Portugal" é da responsabilidade do Grupo de Investigação do Cancro Digestivo, que apresentou quarta-feira em Lisboa os resultados preliminares do ensaio, mas que só hoje é divulgado no Congresso da Sociedade Norte-americana de Oncologia.

Quarenta e oito doentes com cancro colorectal metastizado submeteram-se, no âmbito deste ensaio, a um tratamento que consiste na quimioterapia tradicional combinada com um novo medicamento, cuja substância activa é o cetuximab, explicou Sérgio Barroso.

Do total, 58 por cento dos doentes apresentaram, ao fim de cerca de seis meses de tratamento, melhorias no seu estado de saúde, nomeadamente na redução do tamanho ou eliminação das metástases.

Em duas pessoas verificou-se a remissão total da doença, disse Sérgio Barroso, adiantando que em 29 por cento dos casos a doença estabilizou.

A substância activa que está a ser combinada com a quimioterapia tradicional já é utilizada há cerca de três, quatro anos no tratamento de doentes com metástases, mas de forma isolada, sendo a conjugação a novidade.

De acordo com o investigador, o tratamento com esta substância é menos tóxico, dado que ela actua "preferencialmente na célula tumoral", ao contrário da quimioterapia tradicional que actua de forma indiscriminada.

Este tratamento tem-se mostrado "bastante eficaz e bem tolerado", referiu o médico, salientando que há estudos semelhantes que estão a ser feitos noutros países com resultados idênticos.

A análise envolveu 48 doentes com idades entre os 44 e 75, 66 por cento do sexo masculino, provenientes de 11 centros hospitalares do país que nunca tinham recebido qualquer tratamento, apesar do estado avançado da doença.

O estudo foi apoiado por uma multinacional farmacêutica que também forneceu gratuitamente a substância.

Quanto ao custo desta substância, o médico limitou-se a dizer que é de "várias centenas de euros", acrescentando que o tratamento está a ser gratuito para os doentes englobados neste ensaio.

O estudo começou a ser feito em 2006 e vai prolongar-se até ao fim da vida dos doentes.

De acordo com dados divulgados durante a apresentação do estudo em Lisboa, morrem diariamente em Portugal 10 pessoas vítimas deste carcinoma.

Estima-se que existam mais de 6.000 novos casos por ano em Portugal, sendo o cancro colo-rectal o segundo carcinoma mais mortífero em todo o mundo.

Nenhum comentário: